Começando pelo início, eram 11 da noite de sábado, estavam as sardinhas, ignorantes da vida, a tentar abrir a porta do comboio. Não é que seja precisa uma grande ciência, mas a excitação e a nossa carapaça de tartaruga ninja (a mochila mais gorda que um elefante) não nos facilitavam a vida. Entramos, finalmente, no comboio, lançamo-nos à "passerelle" que é o corredor do meio de transporte em questão e só paramos já iamos na ponta oposta aos nossos lugares, que se encontravam junto à porta de entrada. Encontrão aqui, encontrão acolá, lá nos sentámos. Achamos, contudo, por bem deixar as carapaças repousadinhas aos nossos pés (de salientar que iamos em bancos de quatro frente a frente com dois franceses, que se mostraram bastante simpáticos). A ideia era ótima! Quem não gosta de fazer uma viagem de 9 horas com mochilas de 15 kg aos pés? Mas bem, os franceses não aprovaram a decisão e muito delicadamente ofereceram-se para trepar à prateleirinha onde é suposto as mochilas ficarem (apesar da altura ser absurda para seres de estatura smurf), facilitando a todos a circulação de pés, e posteriormente de pernas também. E assim, seguimos a nossa viagem. Embaladas pelo leve andar do comboio, em tudo semelhante a um berço em balanço, o sono tomava o melhor de nós, até que... a jaula dos bêbedos vindos do bar foi solta. Uma berraria entre fanceses bêbedos e portugueses trabalhadores saturados termina em três indivíduos expulos porta fora. Comédia! Qual sono qual quê? Era altura de ação. Pena que a ação ficou por aí. O resto foi o normal aborrecimento de pára/arranca que não nos deixava pregar olho mais de meia hora seguida. Mas lá chegamos.
Fomos dar uma voltinha, acabamos hora e meia numa fila interminável para comprar bilhetes de comboio para o próximo lugar (não vamos revelar qual). Decidimos, pelo meio, fazer um pic-nic, não fossemos nós reais portuguesas. Fartas da espera, sentámo-nos no meio da estação de comboio, sacámos da pizza e o almoço lá rolou. Estávamos como rainhas num palácio. Seguimos para ver o parque De El Retiro, muito bonito também, mas com gelados que custam os olhos da cara. Uma da tarde, calor abafado onde as temperaturas roçam os 36 graus, sem vento que os aflija... decidimos refrecarmo-nos com, primeiramente os regadores do jardim que, embora eficazes, deixavam a nossa imagem um pouco aquém. Decidimos partir para a técnica das pessoas normais: um geladinho. Contudo, devido aos altos preços de tais regalias (um calipo a dois euros e meio SHAME), tivemos de comprar um gelado que pinta a boca e que portanto, é mais barato. Conclusão: crianças de boca preta soltas no parque. Vimos o palácio de cristal e uns outros monumentos interessantes. Voltámos ao hostel, tomámos um banhinho fresquinho, suamos estupidamente a tentar fazer as camas em beliches mais apertados que uma lata de atum, e fomos dar mais uma voltinha. Acabamos a jantar no meio de uma praça lotada, junto a uma árvore com uma taça de salada cada e dois polícias a olhar-nos de lado (já percebemos o que os sem-abrigo sentem, não é agradável). E pronto, até agora, nada de mais vindo de nós. Esperar para ver...
Beatriz e Carolina
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